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domingo, 11 de maio de 2014

FELIZ DIA DAS MÃES : meus obstáculos para conquistar a AMAMENTAÇÃO do meu jeito


Quando pensei o que eu gostaria que as futuras mamães lessem neste dia, lembrei que para mim o momento mais difícil após o nascimento do meu filho foi justamente a amamentação.

 Eu tive vários problemas já no primeiro dia. Ele não fazia a pega de forma incorreta, estava certa de acordo com as enfermeiras da maternidade e até das mães que observavam. 

Nos primeiros dias eu fiz tudo o que me ensinaram, todas as dicas. Eu podia ficar ao sol, usar lanolina, passar o que fosse mas na primeira mamada ele iria em uma sucção simplesmente rasgar a minha pele e o sangue ficaria ali na bochecha dele e em seus lábios. E eu iria chorar enquanto amamentava. 

O meu choro já não era mais da dor que eu estava sentindo no momento mas também de prever que mais ou menos, em uma hora e meia depois, no máximo, eu estaria de novo sentindo a mesma dor e isto ininterruptamente, 24 horas por dia. 


Lembro que naqueles dias assisti uma entrevista de uma atriz que havia passado o mesmo e ela falou que a dor que ela sentia era como ter os pés sangrando e ter que usar um sapato apertado e dar duas voltas na quadra, e enquanto estava ali com os pés sangrando você lembraria que em uma hora e meia estaria ali de novo e aí a dor aumentaria só de imaginar que iria doer de novo...e de novo...e de novo.

E comigo foi assim. 
Não foi fácil.
Meu peito não tinha bico, e não fazia o bico. 
Eu via as mães tirando o peito e amamentando seus filhos enquanto trocavam palavras sobre o tempo ou alguma amenidade e eu ali pensando que não podia ser verdade aquilo. 
Eu estava quase desistindo e meu marido me incentivava, minha mãe me incentivava, minhas amigas. Sozinha eu não teria conseguido. 

Neste momento precisei recorrer a razão. Abandonar todas as dicas e palpites e guardar só os bons conselhos. Como o email que a amiga Adriana Santos me enviou falando de muitas formas diferentes que eu deveria continuar tentando.
Eu então PAREI. RESPIREI FUNDO e pensei que meu objetivo principal era que meu filho tomasse meu leite...seja como fosse. Então até que meu peito voltasse ao normal (sem feridas), eu iria usar a bomba de leite e uma mamadeira (usei da AVENT - super indico, ela não machuca o peito) e as mamadeiras usei da Dr. Brown.
Só que isto me dava um trabalho em dobro, era tirar o leite de um peito com uma mão e com a outra dar a mamadeira ao bebê, enquanto a concha estava no outro peito, porque os dois peitos sempre vazam juntos (isto a gente só descobre quando amamenta rsrs). Então eu praticamente não dormia. Quando não estava cuidando do bebê , estava lá tirando leite para quando ele acordasse.

Lembro que em uma dessas madrugadas eu estava tão cansada que ao colocar o pote de leite na mesa ele virou e eu literalmente chorei pelo leite derramado (risos) e mais tarde lembrando do episódio eu ri de mim mesma.

Eu continuei pesquisando e foi em uma conversa com a Pediatra do Sam, que ela deu a dica do tal bico de silicone que vai no peito e ajuda a criança a mamar.
Comprei, esterilizei e resolvi testar. Meu peito estava recuperado após um mês de muito sol e pomada.

E como o Sam já estava acostumado com o bico da mamadeira, ele não teria problema em pegar o bico de silicone.
Então, eu lembro, que estava com ele no colo e olhando para meu marido e pensei "é agora", senti medo que fosse doer mas pensei que precisava tentar.

Respirei fundo e o Sam pegou de primeira e o leite foi saindo. A dor que eu sentia era bem normal, suave, como uma fisgada. Eu não acreditei. E assim, no segundo mês de vida, o Sam voltou a mamar no meu peito.
Com o passar dos meses eu tentei várias vezes tirar o bico e deixar só no peito mas eu sentia a mesma dor e aí o Sam já havia se acostumado com o bico e ele mesmo não queria mais o peito. Então eu parei de tentar. E assim, usando este bico de silicone, ele amamentou enquanto quis e isto foi até um ano e três meses.


(Nesta segunda foto dá para ver a borda do bico de silicone).

Quando voltei a amamentar eu me senti realizada. E daí se eu não tinha a mesma facilidade das outras mães? E daí se eu precisava sempre ficar esterilizando o tal bico de peito postiço (riso), eu consegui o principal que foi fazer meu filho ser amamentado com meu leite. Este era meu objetivo e do meu jeito eu consegui. 

Pra mim a amamentação  nunca foi indolor. Mesmo com a proteção eu não conseguia sentir a alegria e paz que muitas mães diziam sentir. Eu sempre tinha que respirar fundo e me concentrar e pensava em boas coisas pois queria que ele percebesse que eu estava ali, para ele, com dor ou não, mas era uma dor suportável.

Nada importava, só meu bebê e sua saúde.
E creio hoje que tudo isto foi fundamental para eu compreender um pouco mais sobre ser mãe.
Os pequenos ou grandes obstáculos que encontramos nesta jornada, vão aos poucos nos moldando.
Não importa os obstáculos, importa mesmo é o seu objetivo como mãe. O que você quer para seu filho? Naquele momento a amamentação era uma questão de sobrevivência, de saúde, de vida! E para mim isto era algo que valia a pena eu me empenhar. 

Eu queria amamentar meu filho com meu leite. Para isto precisei abrir várias exceções e deixar de lado as idealizações que eu tinha em mente, meus desejos, meus sonhos. Precisei cair na real.

Uma das exceções foi justamente uma vez por dia deixar ele mamar fórmula artificial, pois eu não produzia leite suficiente para reservar em quantidade que meu esposo conseguisse dar a mamadeira. Eu sempre conseguia tirar apenas a porção suficiente. Assim para que meu esposo desse 3 mamadeiras para ele e eu dormisse três horas seguidas a noite (e eram as únicas horas seguidas que dormi durante alguns meses) , precisei deixar que uma das mamadeiras fosse artificial.
A pediatra nos ajudou na escolha do leite mais adequado e ele se adaptou muito rápido e não demonstrou qualquer sintoma de alergia com o leite artificial (o que também me preocupava).
Durante o dia eu sempre tentava tirar um pouco mais de leite para suprir esta mamadeira que faltava mas eu só conseguia produzir um pouco menos do que a quantidade utilizada naquele dia (e isto que eu utilizava o leite das conchas) . 


E eu procurava não me cobrar neste sentido, e aceitar que o que eu fazia era de fato o melhor que podia fazer naquele momento. (Quem é mãe sabe como a culpa pode consumir uma mente não é mesmo? rsrs)

Eu fiz assim. Precisei enfrentar a situação, me adaptar, e ir em frente e ser feliz.

Porque ser mãe é assim.Há coisas que são fáceis e difíceis, momentos bons e ruins. Momentos impossíveis e momentos memoráveis, mas uma coisa é certa : tudo é importante em seu momento. 

Hoje o Sam tem três anos e três meses e lembrando daqueles dias de amamentação vejo que faria tudo de novo. Porque tudo o que eu fiz foi tão pouco perto do que vejo outras mães fazendo por seus filhos. Claro que cada pessoa tem sua própria batalha para lutar, mas eu creio que nenhuma luta é maior do que podemos suportar.


Eu não sei qual a luta que você precisará vencer como mãe, não conheço as batalhas que você precisará enfrentar, mas sei que se você se esforçar com AMOR a chance de dar certo é muito maior... pois o amor "
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta". 1 Coríntios 13:7


Um beijo especial para todas as mamães que acompanham o blog e que com amor vencem suas batalhas diárias.  


Estas fotos são deste pequeno post do Samuel, feito no blog dele em  em agosto de 2011.

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